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O guia completo de SLAM: origem, aplicações e comparação de 5 sistemas

Descubra tudo sobre SLAM: origem, aplicações e comparação dos 5 principais sistemas de localização e mapeamento para robótica, drones e realidade aumentada.
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Foto de Rafael Rigues

Rafael Rigues

Author

Imagem gerada por LiDAR mostrando uma rua curva com árvores ao redor, um carro no centro e medições de distância destacadas em metros. A cena é composta por pontos coloridos representando o ambiente urbano em detalhes.

Com colaboração de Brenno Caudato

Sumário

SLAM, sigla para Simultaneous Localization and Mapping (Localização e Mapeamento Simultâneos), é uma técnica fundamental na robótica e na visão computacional. Seu objetivo é permitir que robôs, veículos autônomos ou dispositivos equipados com sensores criem um mapa de um ambiente desconhecido ao mesmo tempo em que determinam sua própria posição dentro desse ambiente.

O grande desafio do SLAM está no fato de que localização e mapeamento são tarefas interdependentes: para se localizar, o robô precisa de um mapa; mas para construir um mapa, ele precisa saber onde está. Esse dilema é conhecido como o “problema do ovo e da galinha” no contexto da robótica móvel. O SLAM resolve esse impasse ao unir ambas as tarefas em um único processo, permitindo que sejam realizadas simultânea e incrementalmente à medida que o robô explora o ambiente.

A importância do SLAM vai além da navegação. Ele é essencial para que robôs domésticos, drones, veículos autônomos e até sistemas de realidade aumentada possam operar em ambientes dinâmicos e desconhecidos, sem depender de mapas pré-existentes ou infraestrutura externa como GPS.

Benefícios do SLAM

O SLAM amplia enormemente as possibilidades de uso de robôs e dispositivos autônomos. Graças à capacidade de criar mapas em tempo real, o sistema pode ser implantado em locais novos, complexos ou em constante mudança, como fábricas, hospitais, residências e até ambientes externos.

Além disso, permite a rápida reação a mudanças, detecção obstáculos inesperados e recálculo de rotas de forma dinâmica, tornando a navegação muito mais segura e eficiente. Em ambientes industriais, por exemplo, o SLAM permite que veículos automatizados desviem de pessoas ou objetos que estejam fora do lugar, sem comprometer a produtividade.

Além disso, o SLAM proporciona maior precisão na localização, mesmo em ambientes onde o sinal de GPS é fraco ou inexistente, como túneis, estacionamentos subterrâneos ou ambientes internos. Isso é essencial para aplicações como robôs de inspeção, drones de mapeamento e sistemas de realidade aumentada, onde a precisão é fundamental para o sucesso da tarefa.

Por fim, o SLAM contribui para a redução de custos e para a escalabilidade das soluções autônomas. Ao dispensar a necessidade de infraestrutura dedicada e permitir adaptações automáticas ao ambiente, a tecnologia torna a implementação de robôs e sistemas inteligentes em diferentes setores mais acessível, democratizando o acesso à automação avançada.

Usos mais comuns de SLAM

Um dos usos mais comuns do SLAM está em robôs móveis, como aspiradores de pó inteligentes e robôs industriais, que precisam se localizar com precisão enquanto mapeiam o ambiente ao redor para evitar obstáculos e planejar rotas eficientes. Veículos autônomos, como automóveis e drones, também dependem do SLAM para navegar em ambientes dinâmicos, identificar obstáculos e atualizar continuamente o mapa conforme se deslocam.

Robô aspirador branco com sensores a laser limpa o chão de madeira em uma sala iluminada, desviando de um sofá marrom coberto por manta verde, com feixes simulando detecção de obstáculos ao redor.
Robôs aspiradores usam SLAM para mapear o ambiente enquanto fazem a limpeza. Imagem: iRobot.

Na área de realidade aumentada (AR) e realidade virtual (VR), o SLAM é fundamental para sobrepor objetos digitais no mundo real de forma precisa. Dispositivos como smartphones e óculos de AR (como o Apple Vision) utilizam SLAM visual para identificar superfícies, medir distâncias e garantir que os elementos virtuais permaneçam estáveis enquanto o usuário se move pelo ambiente.

Além disso, o SLAM é amplamente utilizado em inspeção industrial, mapeamento de ambientes internos e externos, agricultura e até em aplicações médicas, como navegação de instrumentos cirúrgicos em procedimentos minimamente invasivos. Em ambientes industriais, o SLAM permite que veículos automatizados (AGVs) naveguem em fábricas e armazéns, otimizando o fluxo logístico sem a necessidade de trilhas fixas ou sinalizadores.

Outra aplicação importante está na criação de mapas 3D detalhados de ambientes, seja para reconstrução digital, levantamento topográfico ou planejamento de obras. O uso combinado de diferentes sensores, como câmeras, LiDAR e IMUs (Inertial Measurement Units, dispositivos eletrônicos que medem e informam a força específica, a taxa angular e, às vezes, a orientação de um corpo, utilizando uma combinação de acelerômetros, e giroscópios) amplia ainda mais as possibilidades do SLAM, tornando-o uma tecnologia versátil e indispensável para a automação e a inteligência de máquinas em diversos setores.

Óculos de realidade aumentada com design futurista, lente escura e formato envolvente, vistos de frente sobre fundo branco.
Óculos de Realidade Aumentada, como o Apple Vision Pro, usam SLAM para sobrepor objetos virtuais a imagens do mundo real. Imagem: Apple.

Estrutura dos algoritmos de SLAM: frontend e backend

Os algoritmos de SLAM são compostos por dois componentes principais: o frontend e o backend. Cada um desempenha funções distintas, mas complementares, no processamento dos dados dos sensores e na estimativa da posição e do mapa do ambiente.

Frontend: aquisição e extração de features

O frontend é responsável por receber os dados brutos dos sensores, processá-los e extrair informações relevantes (features) do ambiente. A aquisição dos dados pode ser feita com vários tipos de sensores, entre eles câmeras (monoculares, estéreo ou RGB-D), LiDAR, radares, ultrassom e IMUs.

Na etapa de extração de features, o algoritmo identifica pontos, linhas, planos ou outros elementos característicos no ambiente, que depois são associados (associação de dados) a outros elementos encontrados em quadros anteriores da imagem, assegurando a continuidade do rastreamento.

Por fim, é feita a estimativa de odometria, onde o algoritmo calcula o movimento relativo do sensor entre quadros consecutivos, servindo como base para o mapeamento e localização.

Abordagens populares no frontend

Há múltiplas abordagens para captura de dados no frontend, cada uma com características e casos de uso próprios. Algumas das mais populares são:

  • Visual-Inertial Odometry (VIO): algoritmos que combinam dados de câmeras com informações de IMUs para estimar o deslocamento em seis graus de liberdade (6DoF). Essa abordagem é amplamente utilizada em celulares para aplicações de AR/VR (por exemplo, no framework ARKit da Apple), em óculos de realidade aumentada, e na navegação de drones, oferecendo precisão e robustez mesmo em ambientes onde o GPS não funciona.
  • RGB-D SLAM: Utiliza câmeras que captam imagens coloridas (RGB) e informação de profundidade (D, do inglês Depth), permitindo a extração de informações tridimensionais do ambiente, facilitando a navegação e mapeamento em ambientes internos.
  • LiDAR Odometry: Baseia-se em sensores LiDAR para obter nuvens de pontos 3D do ambiente. Pode ser combinada com IMUs para maior precisão. É muito utilizada em veículos autônomos (como os taxis autônomos da Waymo) e em aplicações industriais, como volumetria de estoques.

Backend: otimização e estimativa de estado

O backend recebe as observações processadas pelo frontend e realiza a otimização global do mapa e da trajetória do sensor. Ele utiliza técnicas matemáticas para minimizar erros acumulados, corrigir desvios e garantir a consistência do mapa e da localização.

Entre as principais funções do backend estão a otimização de grafo, quando é feito o ajuste das posições estimadas do sensor e dos marcos visuais para minimizar o erro global, e a minimização de erros, que reduz as incertezas nas estimativas. Também é no backend que é realizada a detecção de “loop closure”, quando o sistema identifica o retorno a um local já mapeado, corrigindo desvios acumulados e melhorando a precisão do mapa.

Imagem gerada por sensor LiDAR mostrando uma estrada sinuosa cercada por árvores, com um ciclista à esquerda da pista, em ambiente noturno, composta por pontos luminosos que destacam o relevo e a vegetação ao redor
Nuvem de pontos de uma estrada, gerada com LiDAR. Imagem: Oregon Department of Transportation. CC-BY-2.0

Algoritmos vs sistemas, qual a diferença?

Ao discutir a tecnologia SLAM, é comum nos depararmos com termos como algoritmos e sistemas. A diferença entre eles está principalmente no escopo e na complexidade de cada conceito.

Um algoritmo de SLAM é, basicamente, o conjunto de métodos matemáticos e computacionais que resolve o problema central do SLAM: como um robô pode, ao mesmo tempo, mapear um ambiente desconhecido e descobrir sua própria posição dentro dele. Ele é responsável por processar os dados dos sensores, identificar pontos de referência (features), estimar trajetórias e corrigir erros acumulados, tudo de forma matemática e abstrata.

Já um sistema de SLAM é a implementação prática e completa desse conceito, reunindo não só o algoritmo, mas também todos os componentes necessários para que o SLAM funcione em um robô, drone, veículo autônomo ou outro dispositivo. Um sistema de SLAM integra sensores (como câmeras, LiDAR, IMUs), módulos de software para aquisição e sincronização de dados, etapas de processamento (frontend e backend), interfaces para comunicação com outros sistemas e, claro, um ou mais algoritmos de SLAM em seu núcleo. 

Sistemas de SLAM são projetados para operar em tempo real, lidar com diferentes tipos de sensores, realizar calibração e entregar resultados prontos para uso, como mapas, trajetórias e localização precisa.

Os 5 sistemas de SLAM mais populares

Há vários sistemas de SLAM em uso, cada um com seus diferentes pontos fortes, limitações e recomendações quanto aos sensores utilizados. A escolha depende do desafio proposto e o ambiente da aplicação. Alguns dos mais populares são: 

ORB-SLAM3

Amplamente reconhecido por sua precisão e versatilidade, suportando desde câmeras monoculares até câmeras estéreo, RGB-D e integração com IMUs, o que o torna ideal para aplicações visual-inerciais (VIO). Ele se destaca em cenários como robótica móvel, drones e aplicações de AR/VR, graças à sua capacidade de operar em ambientes internos e externos, pequenos ou grandes. No entanto, pode apresentar dificuldades em ambientes com baixa textura ou iluminação, além de exigir maior poder computacional para mapas extensos.

RTAB-MAP

Muito utilizado quando se busca flexibilidade na escolha dos sensores. Pode trabalhar com câmeras estéreo, RGB-D e LiDAR, além de integrar dados de odometria visual ou LiDAR. Sua principal vantagem é a capacidade de criar e gerenciar mapas grandes em tempo real, sendo bastante empregado em robôs de inspeção, mapeamento de interiores e aplicações industriais. Por outro lado, pode demandar ajustes detalhados de parâmetros e consumir mais recursos em ambientes muito grandes.

Interface de software de mapeamento 3D em tempo real exibindo um ambiente interno com móveis, cadeiras vermelhas e paredes, sobre uma grade preta, com dados técnicos à esquerda da tela.
Mapa de um ambiente gerado usando o algoritmo RTAB-MAP.

Cartographer

Desenvolvido pelo Google, é referência para aplicações que priorizam o uso de LiDAR, tanto 2D quanto 3D, com integração eficiente de IMUs. Ele é muito robusto para mapeamento em tempo real, especialmente em robôs móveis e veículos autônomos. Entretanto, sua flexibilidade para sensores puramente visuais é limitada e, ocasionalmente, a detecção de loop closure pode causar saltos na estimativa de pose.

LIO-SLAM

Uma das melhores opções para quem precisa de precisão máxima em ambientes complexos e dinâmicos. Combina dados de LiDAR 3D e IMU, podendo ainda incorporar GPS para eliminar deriva em longos períodos. Muito utilizado em veículos autônomos, drones e robôs industriais, o LIO-SLAM exige uma calibração cuidadosa dos sensores e pode ser sensível a vibrações ou montagens inadequadas.

LOAM

É considerado referência em SLAM baseado em LiDAR, sendo eficiente e preciso mesmo quando o sensor está em movimento ou em ambientes dinâmicos. Ele é amplamente adotado em veículos autônomos e para mapeamento 3D de ambientes complexos, mas é menos indicado para cenários com poucos objetos ou superfícies planas, além de não oferecer suporte nativo para sensores visuais.

Comparação entre os sistemas

Para facilitar a comparação entre os sistemas de SLAM, é útil visualizar suas características, aplicações típicas, pontos fortes e limitações lado a lado. Veja a seguir uma tabela resumo com essas informações:

Tabela comparando os sensores suportados, prós, contras e usos típicos de cinco sistemas de SLAM.

Essa comparação demonstra como cada sistema atende a diferentes necessidades, desde aplicações em ambientes internos controlados até grandes áreas externas, passando por sistemas que exigem alta precisão, flexibilidade de sensores ou desempenho em tempo real. Assim, a escolha do algoritmo mais adequado depende tanto das demandas do projeto quanto das características do ambiente e dos sensores disponíveis.

Conclusão

O SLAM transformou como máquinas e dispositivos autônomos interagem com o mundo ao seu redor. Ao permitir que robôs, veículos e até smartphones construam mapas e se localizem em tempo real, essa tecnologia abriu caminho para aplicações inovadoras em áreas como robótica, veículos autônomos, realidade aumentada, inspeção industrial, agricultura e até medicina.

A evolução dos algoritmos e sistemas contribuiu para tornar o SLAM cada vez mais preciso, eficiente e acessível. Hoje, já é possível encontrar SLAM embarcado em dispositivos compactos, funcionando em tempo real e integrando diferentes tipos de sensores, como câmeras, LiDAR, sonar e IMUs.

Por oferecer autonomia a sistemas que precisam operar em ambientes desconhecidos, sem depender de mapas prontos ou infraestrutura externa, o SLAM garante flexibilidade e reduz custos, tornando a automação viável em setores e situações que antes pareciam impossíveis.

Em resumo, o SLAM é uma das bases da robótica moderna e continuará sendo peça-chave para a evolução de sistemas autônomos, conectando o mundo físico ao digital de forma cada vez mais natural e eficiente.

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